sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Bailado


O Bailado

Domingos de Souza Nogueira Neto


Desenho fúnebre de chão feito de gosma,
Viscoso e coberto por purpúrea neblina,
Onde vulto febril prisioneiro no miasma,
Fazia passos arrastados de uma bailarina.

No solo lúgubre do mundo apodrecido,
Pântano pútrido peso limo de aldravas,
Tornando em giros os trapos do vestido,
Rota em molambos a dama vil dançava.

Por trevas ermas nenhum som se ouvia,
Mas soberba plena envolta em escuridão,
Nas sombras mortas a mulher inda sorria.

Pois preso em trevas o lépido coração,
Desprezava o ermo em mordaz ironia,
Melodiando as notas da última canção.
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FOTO: ballerina (desenvolvida pelo blog em escala de gris)
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