Zona
Domingos de Souza Nogueira Neto
Eu sempre gostei dos bordéis, bordel não, zona, daquelas que chamam de baixo meretrício. Têm daquelas em que as mulheres se sentam num banco, longo, esperando a hora que vai entrar um homem para uma trepada rápida. Gosto também daquelas outras, em que você espera num quarto de paredes descascadas, pátinas, deitado aflito na cama rangedeira, até entrar a puta, ligeiramente obesa, com celulites, e aquele perfume adocicado, que não sai depois. Mas a minha preferência é por aquelas que têm um juke box meio torto no fundo, tocando boleros que soam a vinil, onde as mulheres vestem chita, e se sentam nas mesas em grupo, num laissez-faire que esconde tão bem a aflição. Sei do machismo, da exploração, de tudo, sou até solidário. Mas naquela mesinha no canto, com Amado, Vinicius e Neruda, sou meu dono, e não me importo. ****************
FOTO: Erotic Vintage 1890
in http://commons.wikimedia.org/ **************
Domingos,
ResponderExcluirNão há um verdadeiro poeta que não goste de bordel, de zona mesmo. Tem os que se escondem sob uma falsa moralidade, mas, no fim da vida acabam fazendo as verdadeiras poesias imorais. Aprendi o caminho e virei muitas vezes. Grato pela visita e o carinho. Um abraço amazônico. Silvio Persivo
não se importar com o sofrimento humano é algo meio avesso a poesia... chame de crônica, chame-se de carrasco.
ResponderExcluirFiquei sem saber o que dizer ao ler este texto.O comentário "não se importar com o sofrimento humano é algo avesso a poesia...chame de crônica, chame-se de carrasco." é significativo.
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