segunda-feira, 20 de abril de 2009

Chama Negra


Chama Negra

Domingos de Souza Nogueira Neto


As chamas negras dos dois lados da calçada, lembranças que me vinhan frias, seu corpo semi-nu estendido ao meio, o seio esquerdo levemente solto, fugindo lânguido da janela do vestido rasgado, mas já não havia tempo. Haviam as chamas, empalidecendo a noite, lembrei-me das pernas em torno das minhas, debatendo assustadas no entrevão das chamas, e do sangue, tão escuro e doce. Da boca, o fio, sempre o fio, prenúncio do silêncio. Ah sim, as chamas negras e estreitas nos abraçavam no momento. Os olhos arregalados, doces, me pedindo perdão pela escuridão havida, depois, parados, longíquos, tornados em vidro no convergir das chamas, além do tempo. As pernas bonitas, mal postas, escapavam do caminho de outra sina, e, cabelos, sempre longos, espalhados no chão, e eu, me indo, entre as chamas negras, te deixando em quadro de mais uma história.

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