Branca
Domingos de Souza Nogueira Neto
Jazia Branca em pé na beira da estrada,
nua de sensualidade areia fria dissipada,
o sol da noite fletido e refletido em nada.
Parei o carro e Branca aguardou sentada,
Quem era? aonde ia? manteve-se calada,
Seguimos então sem rumo a caminhada.
Brancos os cabelos, olhos e boca molhada,
Pois em vida cáustica havia sido alvejada,
Lábios entreabertos calma, ali, esvaziada.
Em silente e nua liberdade enclausurada,
Branca em meu carro mantinha-se pelada.
Sina de homem e mulher, fatal cantada,
E a Branca acedeu em fado conformada.
Outro carro circulará nesta elíptica jornada,
e encontrará Branca por lá, alma gelada,
E sobre minha sede, terra branca dissipada,
oculto o corpo no volteio de areia espalhada.
Imagem: Desenvolvimento sobre trabalho em http://petragaleria.wordpress.com/
Flores Secas e Sementes - 2008 - 20×30cm - Acrílica sobre madeira.
(Dry Flowers and Seeds - 2008 - 20×30cm - Acrylics on wood.)
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